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“Se o clima fosse um banco já teria sido salvo”

Há quase um ano, Greta Thunberg, de 15 anos, deixou de ir à escola e sentou-se em frente ao Parlamento sueco. Estava em greve de protesto contra a falta de medidas mitigadoras da crise climática. A sua iniciativa rapidamente encontrou seguidores a nível global chegando a milhares de jovens estudantes em todo o mundo. Atualmente, de acordo com o website #FridayForFuture, estão a acontecer mais de 4.175 greves.

A sua mensagem é simples e clara: querem que os políticos combatam as alterações climáticas para garantir um futuro seguro às gerações futuras. No apelo para enfrentar a crise climática, e graças a esta narrativa existencial, Greta foi capaz de envolver não só os seus pares, mas também todas as gerações.

As marchas dos jovens lembram os protestos dos finais dos anos 60 na Europa e trazem a política de volta às ruas. As redes sociais têm sido fundamentais para difundir as mensagens de Greta e ampliar a visibilidade das outras greves. As expectativas dos movimentos são concretas: recusam desculpas e querem resultados tangíveis. Foi assim que todos os discursos de Greta, as suas reuniões e os protestos em toda a Europa, contribuíram para criar uma pressão pública que está agora a produzir os primeiros resultados.

Nos últimos dez meses, as alterações climáticas e a proteção ambiental tornaram-se duas das questões mais importantes para os eleitores europeus e tiveram um impacto na retórica geral durante a campanha eleitoral para as eleições ao Parlamento Europeu. Os partidos dominantes estão a levar mais a sério a importância de políticas climáticas mais ambiciosas. A proteção do ambiente é agora um tema transversal a todo o espetro político. Isto confere uma forte responsabilidade em matéria de clima aos futuros líderes da UE. E não faltam tarefas, uma vez que se espera que as instituições europeias implementem uma nova agenda política, sigam na linha da frente quanto ao compromisso diplomático de fazer avançar o Acordo de Paris e integrem o clima em todas as áreas políticas.

Com a luta pelo clima entrou uma nova geração na política. Exige uma transformação radical da nossa sociedade, enquanto os decisores políticos tendem a defender o status quo. Aquando da crise económica mundial em 2008, uma quantidade ilimitada de energia política e credibilidade foi gasta para manter as instituições como estavam, incluindo os bancos. As exigências dos grevistas do clima são mais difíceis de alcançar porque exigem uma transformação. Mas, quer queiramos quer não, o clima transformará as nossas sociedades: o clima aumentará as desigualdades e a instabilidade política. Ou o conseguimos, ou nos deixamos conduzir a um precipício.

A energia desencadeada pela crise climática não morrerá só por ser ignorada. Existe uma dinâmica incrível a favor da ação climática, com fortes esperanças e grandes oportunidades. Agora há que agir.

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