Em 2008, a equipa liderada pela professora Elvira Fortunato da Faculdade de Ciências e Tecnologias (FCT) da Universidade Nova de Lisboa anunciou publicamente a criação em laboratório dos primeiros transístores em papel. Desde então tem participado em projectos internacionais com empresas tendo em vista o desenvolvimento de um papel com propriedades adequadas à electrónica.
Esta descoberta foi considerada revolucionária a nível mundial porque “pela primeira vez se provou que o papel de celulose pode ser considerado um material electrónico. Para o fabrico de um transístor são necessários materiais isolantes, condutores e semicondutores. Neste caso em particular a celulose constitui o material isolante do transístor” esclarece Elvira Fortunato. É uma tecnologia completamente ecológica, pois utiliza como matéria-prima a celulose que é totalmente renovável. Os restantes componentes usados na “electrónica do papel” são também descartáveis, permitindo a sua reciclagem, ao contrário da electrónica convencional. O seu custo mais baixo “abre outras possibilidades de utilização hoje proibidas com a tecnologia actual”.
A equipa da FCT trabalha actualmente em projectos nacionais e internacionais na área do papel electrónico mas também na “energia renovável com o desenvolvimento de novos conceitos de células fotovoltaicas, mostradores electrocrómicos e testes de diagnóstico rápido em papel para várias doenças infecciosas”. Por ser tão recente, ainda não existem produtos no mercado com aplicação deste tipo de tecnologia mas “estamos próximos de fazer algo com um grande operador nacional que não fabrica papel, mas tem uma excelente visão do que se quer para o futuro” conclui Elvira Fortunato.