Sábado, dia 2 de novembro de 2024.
A ECO123 foi convidada, no sábado 19 de Outubro, a participar num evento para jornalistas, organizada pela Agrobio (1), no âmbito de um programa europeu, com o objetivo principal de proporcionar um almoço com alimentos biológicos para nossa apreciação. Em complemento, visitámos um mercado de rua de produtos biológicos e um supermercado biológico. Este tema ganha importância em Portugal considerando que, neste momento, 27,7% dos terrenos agrícolas em Portugal já são dedicados à produção biológica, em que 70% são pastagens, logo ligadas à produção animal, depois por ordem de grandeza: olival, vinha, legumes e frutas.
A manhã começou com uma visita ao mercado de rua da Agrobio na companhia do Eng. Jaime Ferreira, presidente da Agrobio e de duas colaboradoras. Este mercado realiza-se semanalmente aos sábados no largo do Campo Pequeno em Lisboa. Os produtores presentes são de zonas limítrofes da capital, nomeadamente das zonas de Sobral de Monte Agraço, Alcochete, Caldas da Rainha. Os produtos apresentados são, em geral, de consumo da época, essencialmente frutas e legumes, mas alguns produtores procuram complementar com outros fabricos tais como bolachas, pão e queijo. Há a intenção de apresentar bancas com produtos diversificadas, e nesse sentido os produtores praticam uma revenda entre si para melhorar a oferta de cada um. Falando com alguns produtores ficou patente a dedicação e a paixão com que fazem a sua atividade, no sentido em que não é apenas um meio de subsistência mas algo que desenvolvem com um sentido de missão. Relativamente aos consumidores, são de todas as idades e proveniências, mas em que a afluência se processa por vagas, normalmente as pessoas mais idosas vêm mais cedo, e depois as famílias e por último os mais jovens
Depois partimos para a Rua Latino Coelho também em Lisboa, para visitar o mercado biológico da Miosótis (2). Este mercado, que corresponde, em aspeto, a um supermercado de tamanho razoável, tem toda a espécie de produtos, sobretudo de alimentação mas também todos os artigos variados que uma família necessita. De realçar a variedade de embalagens de comida já confeccionada, que se tornou muita mais popular a partir do surto de COVID.
Dentro das instalações da Miosótis há um restaurante simples e espaçoso onde almoçámos. A refeição, inteiramente biológica, foi uma surpresa para o paladar. Desde as azeitonas e o pão, passando pela sopa de legumes, bastante nutritiva, seguida pelo prato principal, composto por salada de cereais com legumes variados e toda uma série de acompanhamentos escolhidos para tornar o prato com sabores variados e agradáveis.
Depois vivi um momento um pouco chocante para um consumidor de ovos; o jovem chef que se encarregou do frango biológico, que era o prato suplementar, aliás muito saboroso, apresenta-nos ovos estrelados com uma cor francamente alaranjada, comprados no mercado habitual, e depois um ovo com uma gema amarelada vinda de galinhas de raças em extinção e de criação biológica, com um sabor a ovo genuíno. Com isso tornei-me incapaz de, pelo menos nos próximos tempos, comer ovos sem ser biológicos.
Acabámos numa sobremesa com um bolo de cacau e tâmaras, com a particularidade de não levar açúcar, mas cuja falta não se notou.
Se a ideia era convencer tanto no aspeto da saúde como no do paladar e mesmo no do efeito estético, tal objetivo foi alcançado.
(1)Agrobio-Associação Portuguesa de Agricultura Biológica, entidade privada fundada em 1985 e sediada em Lisboa. Esta Associação obtém os seus rendimentos em cerca de 50% pela prestação de serviços a produtores e os outros 50% de projetos europeus.
(2)Miosótis – Loja de produtos biológicos, composta por supermercado, restaurante, cafetaria. Possui igualmente um pequeno auditório, para eventos.