Todas as espécies deixam a sua marca no ecossistema que habitam e a humanidade não é excepção. No entanto existe uma fronteira entre colaborar com o ecossistema e destruí-lo, sendo esta a preocupação da ecologia.
“Dez mil milhões” podia igualmente chamar-se “Ecologia para totós”, pois é essencialmente o B-A-BA dos problemas ecológicos do Século XXI, concluindo duma forma algo simplista e felizmente taxativa o raciocínio. Stephen Emmott, ao contrário da maioria dos autores da área, não procura escapismos ilusórios como “fechar a torneira quando se lava os dentes” ou “urinar no banho”, e agarra o touro pelos cornos: há que consumir menos. Nesse aspecto, o livro é claramente vitorioso ao assumir que existe apenas uma solução, sendo o resto ineficaz. Por outro lado Emmott, um cientista que trabalha para a Microsoft, tende a confundir a responsabilidade do consumidor singular com a das corporações, ponto fulcral, já que se os primeiros poderão necessitar de ser reeducados (por quem?), os segundos necessitarão certamente de ser fiscalizados e penalizados.
Outra importante questão mencionada é sem dúvida a da alimentação, na qual um pensamento recorrente é o de que, continuando este caminho milhões de pessoas passarão fome, situação que acontece actualmente e parece ter ficado esquecida. Ainda sobre a alimentação, dois factores importantes parecem também ter caído no esquecimento: a responsabilidade da manufactura dos alimentos processados no desgaste ambiental e o facto fundamental de que um terço dos alimentos produzidos é actualmente desperdiçado . Com isto em mente, o foco do problema passará da necessidade de produzir mais para a necessidade de aproveitar o que se produz e consumir os alimentos na sua forma mais simples e natural. Finalmente, Emmot aborda ainda a importantíssima questão do gasto brutal de combustível utilizado no transporte (supérfluo) de mercadorias.
Mais um manifesto simplista do que um livro, “Dez Mil Milhões” é mais interessante na conclusão (estamos f#$%”#&) do que na análise do problema. Acima de tudo fica a dúvida: num livro sobre o ambiente, porque há tantas folhas em branco?