A poucos minutos de Faro encontra-se a Lura, uma quinta pedagógica criada sob o lema de aprender naturalmente e onde se promove a educação ambiental aliada ao conhecimento científico. A ECO123 falou com Sara Vítor, a sua criadora e mentora.
ECO123: O que é o projecto Lura?
Sara Vítor: Começou por ser a saída de uma professora sem colocação. É uma tentativa de continuar a ensinar e a trabalhar com crianças, ligando aquilo que já era a minha evolução pessoal mas voltando às minhas origens. Daí ter voltado para a
Lura, que é a toca da minha família. Tento recuperar, neste espaço de campo, a agricultura biológica e manter-me a trabalhar com crianças, ensinando princípios em que acredito tais como sustentabilidade, defesa do meio ambiente, produção e cultivo de produtos regionais.
O processo de criação e certificação foi muito burocrático?
Um pouco, mas felizmente as coisas andaram sempre relativamente bem. No entanto, quanto a apoios deparei-me com várias barreiras. Tudo o que aqui está construído foi com o meu investimento pessoal e da minha família. Já ao nível de implementação e licenças, consegui que tudo acontecesse dentro de um prazo bastante aceitável. No final fiquei com a noção que se fosse um projecto turístico teria sido mais fácil. Mas como a minha formação não é na área do turismo e aquilo que tenho capacidade de fazer com qualidade e competência é ensinar e passar conhecimentos, princípios, valores às novas gerações, achei que era isso que tinha de fazer.
Porque decidiu criar este projecto?
Primeiro porque sempre foi um objectivo da família que este terreno fosse rentabilizado. E em segundo lugar porque achei que podia aliar o facto de ser professora e querer continuar a ensinar com o facto de ter uma ligação muito grande ao campo, a esta terra e história, querendo sempre aprender um pouco mais. Foi também uma maneira de não imigrar, porque acredito que tenho capacidade para fazer algo pelo meu país e isso não faz sentido se estiver lá fora.
Teve apoio da plataforma de crowdfunding PPL. Como foi a experiência?
Foi muito boa. Cheguei lá por intermédio de amigos que me falaram dessa possibilidade de financiamento. Telefonei para um dos responsáveis e uma coisa levou à outra, fiz o vídeo e lancei o projecto(1). Surpreendentemente funcionou como forma de divulgação para outros públicos: apesar de o maior apoio ter vindo de familiares, tive também apoio de pessoas que não sei quem são. Tivemos 40 dias para angariar 5.000. Atingimos o objectivo e esse dinheiro serviu para a criação do WC para deficientes e para a Casa dos Burros, que de outra maneira não tínhamos tido condições para construir e avançar com o projecto.
Objectivos e esperanças para o futuro?
O objectivo máximo é sermos auto-suficientes. Não somos fundamentalistas ao ponto de dizer que vamos deixar de ir ao supermercado, mas queremos ser, no longo prazo, o mais sustentáveis possível. Assim como a formiga, eu aqui na Lura dou passinhos pequenos para construir um mundo melhor através das nossas crianças.
Lura – Aprender Naturalmente
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