Portugal, em todo o seu território – rural, urbano, interior, litoral – confronta-se com as marcas do passado recente. A aposta no mercado imobiliário e na construção (principalmente de imóveis residenciais), e no sector terciário da economia, deixou graves legados. Um dos mais evidentes e gravosos, será o abandono e degradação de uma quantidade gigantesca de espaços e construções.
A cessação de muitas actividades produtivas do interior rural forçaram o quase ou efectivo desaparecimento de muitas comunidades. A construção descontrolada e desordenada de novas habitações nos grandes centros urbanos, principalmente nas periferias, concentraram multidões em comunidades descaracterizadas. Em simultâneo, sucede o envelhecimento e abandono das zonas históricas, os centros de vida por excelência dessas urbes desde as suas origens.
Porém, nas duas últimas décadas assistiu-se a um ressurgimento da recuperação urbana, aliada a uma nova vontade em repovoar territórios que, até agora, tendiam para a desertificação. Seja pelos efeitos da crise actual, por uma mudança de consciências que se começa a generalizar ou até por imperativos de encontrar alternativas económicas válidas (busca de nichos de mercado, abordagens de negócio inovadoras, sustentabilidade do sector da construção).
Pelos exemplos apresentados, é possível concluir que existem muitos modelos, motivações e processos de recuperar as nossas comunidades. Verificam-se conflitos e interpretações distintas: o autarca critica a desregulamentação que permite a empresários abusarem da ocupação do espaço público, o empreendedor critica a falta de iniciativa e visão das entidades públicas e reguladoras, o cidadão opta por agir numa base de poder popular, toda uma região mobiliza-se para preservar a sua identidade e património. Visões divergentes mas com algo em comum: agem.
Existem muitos modelos de recuperar as nossas comunidades.
Na produção deste artigo não houve emissão de CO 2.