Sábado, dia 6 de janeiro de 2024.
Bom dia! num Novo Ano. Ficará tudo na mesma ou haverá algo de novo? Sim, será eleito um novo Governo, a 10 de março (em Portugal) – e um novo Parlamento Europeu, entre 6 e 9 de junho. Haverá também eleições na Rússia e nos EUA. O horror do espectro de Trump não tem fim. Há quem acredite que sim, que tudo vai ficar como antes. Outros ainda não perderam a esperança em algo melhor.
A política sofre de um forte lobby: sobretudo por parte da indústria dos combustíveis fósseis, da indústria automóvel e da indústria agrícola, áreas que exercem uma enorme influência nas decisões. E fico com a sensação de que as pessoas não sabem o que fazer, como se organizar coletivamente contra isto. Dizem “Ah, agora tenho de participar noutra greve”, mas as últimas dez greves já não surtiram qualquer efeito. Simplesmente não se vislumbra como mudar a situação. O que podemos mudar através de eleições, de uma mudança de Governo, o que podemos mudar através de um protesto? Muitas das questões fundamentais da justiça não mereceram, até à data, a devida atenção – independentemente do Governo. Por onde começar? Pela política da educação? Pela política da saúde? Na política climática?
Será que, 50 anos depois de 1974, precisamos de outra revolução para arrumar a casa? Abril, Abril?
Fala-se muito sobre os aspectos técnicos da crise climática e não tanto sobre a crise climática como um problema social ou político, no qual o poder das empresas multinacionais de energia ou de produtos alimentares desempenha um papel extremamente prejudicial à sociedade. A confiança numa política séria e honesta, livre de subornos e corrupção, diminui cada vez mais. E, com ela, diminui também a confiança nos políticos como agentes capazes de resolver um problema urgente. Será 2024 o ano que decidirá se continuaremos a ser um país democraticamente governado ou se os fascistas (com o Chega) regressam ao poder, após 100 anos?
De que forma se interligam economia, crescimento e capital com as alterações climáticas e a democracia? Uma democracia viva, atenta e autêntica é a única base através da qual um Governo honesto deve lançar-se à tarefa de resolver as crises, sem medo, e empenhado no bem comum. E, com um pouco mais de imaginação e de visão – ainda está longe o objetivo de ZERO EMISSÕES -, é possível saber por que razão, por exemplo, um kWh de eletricidade na Suécia tem um custo de apenas 0,045 euros, enquanto um litro de gasóleo custa 2,60 euros. Em Portugal, a eletricidade tem, em média, um custo de 0,22 euros por kWh e o gasóleo é barato. Todos os combustíveis fósseis, com as suas emissões de CO2, prejudicam a pegada de carbono de um país.
Em Portugal, o sol brilha de graça. Urge, assim, que a eletricidade fique mais barata. Os particulares podem e devem fazer um investimento maior na energia solar. Cada telhado livre poderá ter o seu próprio sistema solar, cofinanciado pelo Estado. Não é a EDP, nem os seus concorrentes, que devem ser apoiados, não!, os próprios cidadãos precisam de apoio ativo e sustentável nos seus telhados. Só assim verão que o dinheiro da UE e de Lisboa chega à base, aos cidadãos, aos contribuintes. A fatura da eletricidade poderia, desta forma, ser ZERO, e as emissões seriam igualmente ZERO. Da mesma forma, deveria equacionar-se um novo conceito de mobilidade construtiva para todo o país, para todo o continente.
Porque não hão-de ser gratuítos os comboios e os autocarros? Parece uma utopia. Sim, na Europa, também deveríamos sonhar alto. Será em 2024 que vamos lançar mãos ao trabalho. Descartar os carros que consomem muito combustível e mudar para transportes elétricos. E porque não fazê-lo de graça?
E assim, com menos presunção e mais respeito por todos, pelos professores e alunos, pelos estudantes e pelos enfermeiros e médicos – por todos os cidadãos -, fazer uma política social que não termine em greves, mas em diálogo construtivo. Ambiciono ter um Governo que se preocupe com o nosso bem-estar, que me leve a sério como cidadão.