O despovoamento é um problema que eu diria nacional, tem acontecido um desequilíbrio no país em termos de movimentos das pessoas que procuram as cidades. Como consequência disso as zonas do interior acabam por ficar despovoadas, como é o caso de Monchique.
A verdade é que o abandono das pessoas do campo para as cidades ocorreu porque as pessoas começaram a procurar sítios onde havia emprego e a maior parte dos empregos continua a ser nas cidades.
Hoje vive-se um olhar diferente para estes temas, vê-se que há uma atenção muito especial para o viver em espaço rural, viver em espaço florestal, associado a outros parâmetros não só à questão do emprego, mas mais concretamente com aquilo que é a qualidade de vida.
Além do emprego a qualidade de vida faz-se pelos territórios que oferecem segurança, oferecem qualidade dos serviços, oferecem valores baixos em termos de despesas, os serviços que as famílias precisam direta ou indiretamente. Há uma série de parâmetros que as pessoas têm em atenção quando escolhem um sítio para viver e não propriamente o emprego.
Ora bem essas pessoas que partiram para lá, partiram à procura de emprego há muitos anos atrás, muitos deles já não vão regressar de certeza. O que acontece é que hoje as pessoas que pensam ir viver para as cidades, pensam duas vezes.
As pessoas começam a fazer contas. Portanto quanto é que serão as despesas numa cidade? Quanto é que eu gasto em impostos directos, IMI, IRS? Quanto é que pago de água? Do condomínio? Se tiver um filho, quanto se paga na creche que o filho frequenta? O valor anda à volta dos 300/350 euros. E depois pensam quanto é que se paga isso tudo, vivendo em Monchique?
A verdade é que se formos fazer contas, em Monchique o valor é muito mais baixo. Porquê? Por exemplo a creche municipal que temos, tem uma cobertura total de 100% da população de crianças e custa 80 euros, apesar de custar ao município à volta de 350 euros. Nós suportamos a outra parte toda e só cobramos às pessoas 80 euros.
Temos uma oferta vasta de serviços bastante qualificada que presta auxílio às pessoas em vários parâmetros, o que faz com que as pessoas façam contas à vida.
Talvez seja melhor ficar em Monchique e ir para Portimão todos os dias e aquilo que se gasta em transportes, em combustível é certamente inferior se forem viver para Portimão.
O que há a fazer, é continuar a fazer aquilo que temos feito até aqui e tornar o território apetecível para as pessoas, criando condições para as pessoas terem qualidade de vida para se fixarem e terem um pouco de apoio às suas principais preocupações mais básicas.
Temos uma rede de apoio consolidado falta agora a segunda fase de avançar na criação de empregos. Acredito que o despovoamento em Monchique tem os dias contados, há uma aposta muito grande, para contrariar esse movimento natural!