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A revolução invisível

A ideia do www.redeconvergir.net é ter uma plataforma de mapeamento de projectos sustentáveis e inspiradores, para que os membros da rede possam cooperar, reforçar as sinergias, e contribuir para uma sociedade equilibrada e uma vida humana em harmonia com o meio envolvente. O objectivo é interligar projectos nas suas actividades e promover a reflexão e consciência do papel de cada indivíduo na estimulação de uma sociedade crítica, construtiva, activa e emancipada.

A revolução invisível em Portugal

A ideia de se criar a Rede CONVERGIR surgiu em 2011 quando um grupo de pessoas se reuniu na Conferência “Ecovilage and Sustainable Living” em Tamera (Odemira, Portugal) e concluiu que havia muitos projectos a contribuir para sustentabilidade local com modelos alternativos, mas ninguém tinha uma ideia clara do que estava a realmente a acontecer. Apercebemo-nos que esta falta de visibilidade, tornava difícil a cooperação e a integração de novas pessoas.

Até ai, as reuniões que ocorriam para tentar convergir esforços no sentido de se criarem oportunidades de cooperação, eram restritas a grupos de conhecidos e redes individuais de contactos (geralmente dos organizadores das reuniões). Em certa medida, a falta de visibilidade sobre o que estava a acontecer em Portugal, dificultava a criação de redes mutualistas e reuniões mais integradoras.

Por outro lado, havia um sentimento que estava a acontecer um aumento de consciência generalizada sobre a importância destes projectos e a sensação de urgência de se criarem novos modelos (mais sustentáveis) que fizessem face ao modelo social vigente. Era visível o aumento da procura por formações em capacitação para a sustentabilidade e o surgimento de cada vez mais projectos aplicados. No entanto, a falta de visibilidade era uma barreira à integração dessas pessoas em projectos que, por um lado, dificultava o envolvimento das mesmas na “comunidade de sustentabilidade” em Portugal e, por outro lado, não facilitava o apoio aos projectos, dando-lhes força e energia.

O sentimento positivo que uma “revolução” estava a acontecer e que o facto de ser “invisível” estorvava a oportunidade de podermos conhecer as pessoas, projectos e iniciativas tão diversificadas e incrivelmente inspiradoras, convido-nos a arriscar! Precisávamos de criar uma ferramenta que desse luz a estes projectos que irão liderar o país no crucial caminho da sustentabilidade.

Convergência de identidades

Quando fizemos o exercício de mapear estes projectos, apercebemo-nos que tínhamos “identidades” diferentes, mas partilhava-mos todos a mesma ambição assente na mesma base ética. Alguns de nós estávamos envolvidos em “ecoaldeias”, outros em projectos de “permacultura”, outros em iniciativas de “transição” e por ai adiante.

Esta diversidade de tipologias era altamente positiva e devia ser mantida. Dai surgiu o nome de “Convergir”, pois apesar das nossas saudáveis diferenças, podíamos convergir esforços e informação no sentido de tornar a realização do sonho colectivo mais eficiente e, de preferência, eficaz.

A visão é criar uma plataforma que mapeia projectos sustentáveis e inspiradores para que em rede possamos cooperar, potenciar as nossas sinergias e contribuir para uma sociedade equilibrada e uma vida humana em harmonia com o meio envolvente.

O objectivo é interligar projectos que nas suas actividades promovam a reflexão e tomada de consciência por parte de cada ser humano, do seu papel no Ambiente, estimulando uma atitude crítica, construtiva, activa e emancipada.

Partilha de excedentes

Apesar de estarmos conscientes da importância da invisibilidade (não se poder controlar o invisível é magnífico!) e dos perigos da centralização de informação (informação é poder e são raras as pessoas que sabem lidar bem com o poder) um grupo de pessoas decidiu partilhar os seus excedentes, dando energia para dar vida à Rede CONVERGIR.

Dada a sensibilidade do projecto, dedicámos o primeiro ano a reflectir sobre os objectivos, estrutura e modo de funcionamento da rede. Este processo foi facilitado através da criação de um fórum (Google groups “mapeamento-projectos-sustentaveis-portugal”), reuniões virtuais e criação de documentos open source.

Colaborar em rede

Passados 4 anos a Rede CONVERGIR conta com 137 projectos mapeados, cerca de 20 pessoas directa e indirectamente envolvidas na gestão da rede e tomadas de decisão colectiva. Estas pessoas estão divididas por funções (grupos dos moderadores, guardiões e observadores) e tentativamente maximizam a diversidade territorial e de tipologias.

Muitas oportunidades têm vindo a aparecer sendo que o grande desafio será esta rede virtual facilitar o processo de criação de redes de cooperação reais.

REDE CONVERGIR teve solicitações de vários investigadores e repórteres em todo o mundo interessados em saber mais sobre a rede e os seus projectos. O projecto CATALISE – capacitação para a transição local e inovação social é um deles. Trata-se de um projecto de investigação-acção transdisciplinar que usa a REDE CONVERGIR como rede de referência para identificar iniciativas envolvidas no processo nacional rumo a uma sociedade de baixo carbono. Outros têm vindo a solicitar a expansão da rede. Assim sendo, encontram-se agora numa segunda ronda de reflexão, um processo de amadurecimento, para melhor conceber a potencial reprodução da REDE CONVERGIR, bem como uma nova plataforma online que melhor satisfaça as necessidades dos membros.

 

Phil Revell do Climate Futures: “Estou desejoso de conhecer melhor as iniciativas que foram escolhidas como estudos de caso e de aprender mais sobre o seu trabalho, os seus sucessos e os desafios que enfrentam”.

About the author

Gil Pessanha Penha-Lopes
Tem 36 anos. É um pai recente que dedica a sua vida a estudar a Natureza. Desde 2011, pesquisa soluções de adaptação às mudanças climáticas a serem aplicadas ao nível local, bem como outros paradigmas que sustentem a resiliência comunitária, tais como a Transição, a Permacultura e a Biomimética. Lecciona, desde 2013, no Doutoramento em Alterações Climáticas e Políticas de Desenvolvimento Sustentável da Universidade de Lisboa.

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