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1ª Parte – Estamos novamente em guerra…
2ª Parte – Entrevista com Bruno Estremores PSD com Podcast

Nº 101 –
1ª Parte – Estamos novamente em guerra…
2ª Parte – Entrevista com Bruno Estremores PSD com Podcast

Sábado, dia 21 de agosto de 2021

… mas urge a paz. No passado domingo, houve novamente um fogo a menos de um quilómetro do nosso projeto para um Jardim Botânico Florestal em Caldas de Monchique. Houve alguém que negligentemente atirou algo pela janela do carro e que iniciou o fogo. Um cigarro ou uma garrafa de vidro, quem sabe? Os helicópteros combateram o fogo fazendo lembrar uma verdadeira guerra. Largam bombas de água em ataques sucessivos. Parecia um filme sobre o Vietnam. Juntamente com os meios terrestres, conseguiram vencer o inimigo em duas horas. Mesmo a tempo antes de levantar o vento. Com temperaturas de 41 a 43 graus Celsius tinham que conseguir apagar o fogo antes das 17 horas para vencer a batalha e conseguir a paz. O filme termina bem mesmo a tempo.

Mas nós não ficámos passivamente a ver televisão. Desenrolámos todas as mangueiras e começamos a espalhar água por toda a floresta. Para o conseguir, nestes dois a três hectares com temperaturas altas, é precisa muita água. É o preço que se paga pela falta de cuidado, negligência, ignorância e inconsciência com que algumas pessoas andam por este mundo. Há muitos que vêm despreocupados da cidade para a almoçarada domingueira no campo. Houve quem escrevesse a frase: “Pena, que o betão não arda” a letras vermelhas num viaduto da autoestrada.

Nós que vivemos no campo, no interior, adoramos as nossas árvores, as florestas e os seus habitantes de todos os tamanhos: borboletas, raposas, linces, sacarrabos e a grande variedade de aves e insetos, os animais selvagens, mas também as nossas galinhas, os coelhos, gatos e cães, os animais domésticos. Porém, o verdadeiro desafio desta vida no campo só começou depois das 17 horas de domingo. Tinham anunciado ventos de 60 km/h. Os bombeiros de Monchique ficam de vigila em vários pontos durante toda a noite para proteger as nossas vidas. Nós, em Esgravatadouro, continuamos a molhar a floresta até a escuridão já não nos permitir continuar. O vento está forte e voltamos para casa. As nossas vidas estão nas mãos dos bombeiros, que continuam a apagar os últimos focos com água e com enxadas. Saio várias vezes durante a noite para fazer uma ronda. É impossível dormir. Tem que se estar sempre a postos para voltar a ligar a água dos sprinklers. E ainda precisamos de mais área coberta pela proteção dos sprinklers. (www.eco123.info/crowdfunding/)

A vida perante as alterações climáticas é um assunto delicado. Por vezes, temos sorte e escapamos, outras vezes corre mesmo mal. A ponte sobre o rio que secou é uma tábua velha que pode partir a qualquer momento, quando se pretende atravessar. Há 47 anos que vivemos em democracia (1974 – 2021), ainda bem. Mas houve uma ditadura de 48 anos, de 1926 a 1974. O fascismo ainda não foi completamente erradicado em Portugal. E também não irá acabar por helicópteros trazerem água para apagar o fogo. A democracia é débil e está a ser ameaçada todos os dias em todas as câmaras municipais. Por exemplo, por analfabetos que dizem que antigamente tudo era melhor. Que nos tempos de Salazar isto não acontecia.

Será que esquecemos os “Talibãs de Portugal” que encarceravam em Peniche as pessoas que pensavam de forma diferente? A questão central é: o que podemos fazer, para proteger ativamente a nossa democracia de um partido neofascista? Sou natural de um país em que o fascismo perdurou durante muitos anos e todos, de forma ativa ou passiva, colaboraram para o holocausto. Depois diziam que não se sabia nada. Mentira! Aqui, perdemos a oportunidade de banir a PIDE de nós próprios e da nossa democracia, das instituições, universidades, escolas, do nosso dia a dia. Não reforçámos a nossa democracia. Em vez disso, colocámos políticos corruptos em cargos muito bem remunerados. Um terço de todos os candidatos para as 308 câmaras municipais tem problemas com a justiça. Se, por uma vez, votarmos em consciência analisando bem os candidatos, desmascarando as incompetências para dar o nosso voto ao candidato mais sério, contribuiremos para uma democracia mais forte. A ECO123 apoia essa meta, analisando quais dos candidatos são “à prova de fogo”. Leia a entrevista com o candidato Bruno Estremores.

 

Segunda Parte: Continue a ler e ouvir (Podcast) a entrevista com Bruno Estremores PSD. Precisa de assinatura ativa para aceder o contéudo a seguir:

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O eucalipto foi o dinheiro fácil, o ouro verde, temos é que pensar num bom presente

ECO123: Quem é Bruno Estremores?

Bruno Estremores: Sou natural de Monchique, tenho 47 anos e sou fisioterapeuta de profissão. Exerço, de momento, o cargo de diretor hospitalar e também a de técnico responsável pelo setor da Reabilitação Física, no grupo Hospital Particular do Algarve (HPA).

Em julho de 2020 lançaram-me o desafio de me candidatar à Comissão política do PSD em Monchique, no qual sou militante há 20 anos, no sentido de se preparar um novo projeto autárquico para as eleições de 2021. Recebi o convite com honra, é um desafio interessante, tendo em conta que sou um empreendedor. Instalei em Monchique uma pequena clínica médica, que foi, entretanto, integrada no Hospitais Particulares do Algarve S.A. e ficou responsável pela Reabilitação de todo o grupo.

 

 

 

É fácil ou difícil ser “herdeiro” de Rui André?

Nem fácil nem difícil. Não concordo com toda a sua gestão, mas entendo e apoio, sobretudo algumas medidas. Quando assumiu a presidência, assumiu também uma dívida de 13 milhões à Banca e de dez milhões ao sistema público de saúde – ADSE. Poucas pessoas o sabem. Esta situação foi bastante confrangedora, uma vez que, sem esse pagamento, os funcionários continuariam a ver recusado apoio médico sempre que se deslocassem a um serviço de saúde. Uma pessoa que, em doze anos, paga 22 milhões de dívidas, não lhe sobra muito para poder investir noutras coisas. Podemos, claro, abrir a hipótese de ir pagando a dívida de forma faseada e deixar parte para quem vier a seguir…

Um dos problemas que assola este território são os incêndios. Como futuro autarca, de que medidas dispõe para travar ou acabar com este problema?

Trazer pessoas para Monchique é fundamental. Com pessoas na vila e na serra passaremos a ter terrenos limpos. De nada serve ter o seu terreno limpo se está rodeado de terrenos que se encontram ao abandono. Temos que ter um reordenamento da floresta efetivo e apostar na prevenção, porque gastar milhões a apagar fogos nunca resolverá nada e, ciclicamente, de cinco em cinco ou de dez em dez anos, a natureza reergue-se e estes voltarão a acontecer.

 

Como se prepõe repovoar Monchique?

Com condições atrativas. Por exemplo, atribuição de um subsídio camarário para aquisição e reabilitação de casas abandonadas no centro da vila, salvaguardando a especulação imobiliária. Em relação ao campo, será um pouco na mesma perspetiva. Temos que salvaguardar a situação incómoda gerada pelo Plano Diretor Municipal (PDM)…

– … que não existe.

Tem 30 anos e já deveria ter sido revisto há dez. Esse será o nosso primeiro projeto.

Rui André teve 12 anos para rever o PDM. Com a sua presidência, Monchique terá um novo PDM?

Demorará seis a sete anos, com o concurso público e as condicionantes de Monchique estar integrada na Rede Natura 2000, Reserva Ecológica e Reserva Agrícola. Isto leva a que, por vezes, um pequeno terreno com uma ruína inviabilize uma construção.

Mas isso não é impeditivo de plantar mais eucaliptos…

São as contradições da Lei portuguesa.

Mas a Rede Natura 2000 é europeia…

Mas quem está nos gabinetes ministeriais não pensa as coisas como quem está no terreno, como os autarcas. Estes deveriam ter muitos mais poderes (sujeitos, claro, a uma fiscalização), sobretudo nas questões do reordenamento da floresta.

Portugal, a Roménia e a Bulgária são três dos países mais corruptos, segundo a União Europeia. Quanta cunha é necessária para ser eleito?

Política, religião, futebol, são coisas boas. O problema está nos homens que, em determinado momento, as representam. Temos bons políticos e temos políticos que são o pior da sociedade. E vivemos num sistema com alguma impunidade. Mas acredito que ainda é possível fazer coisas boas, capazes de gerar um crescimento económico sustentável. A resposta em Monchique passará sempre por um turismo de natureza, integrado em rede.

Em cima das cinzas?

Claramente não. Há que recuperar o estrago que ficou de 2018. Houve uma grande regeneração natural do próprio ecossistema. Temos que criar uma medida para espécies como as acácias. Há 30 anos surgiu a ideia de fazer de Monchique um Bioparque, seria algo extraordinário. Infelizmente, nunca saiu do papel, talvez por gerar poucas receitas. Monchique é um município pobre, não terá muitas receitas se não forem os apoios do Estado.

Quando falamos de receitas, qual a sua posição quanto ao Parque de Estacionamento em Monchique?

O Ministério Público não autoriza, neste momento, que se mexa no 1.º andar, onde deflagrou um incêndio. Mas uma vez que já se identificou a origem do fogo, bastava apenas desbloquear. O parque tem que ser limpo, recuperado, porque gera receitas.

Como encara a ameaça do CHEGA em Monchique?

Não há qualquer ameaça. Nas listas desse partido existem apenas quatro pessoas de Monchique. Os partidos, ao contrário dos movimentos de cidadãos, não precisam de recorrer às assinaturas. Se conseguirem atingir 2% dos votos da Assembleia Municipal recebem subvenção do Estado. E é isso que lhes interessa!

Em Monchique as pessoas não querem saber dos partidos, e sim dos candidatos.

Por que motivos quer ser Presidente?

Sou capaz de fazer mais e melhor do que o que foi feito nos últimos 30 anos. A experiência em gestão e recursos deu-me capacidades para poder gerir o município. Qualquer entidade pública deve ter como intuito o serviço público, mas com uma gestão privada, com recursos bem aplicados.

Isso significa que está nos seus planos encerrar o Hospital, o Centro de Saúde… abrir uma instituição privada?

Monchique tem idosos com reformas de 300 euros; abrir um hospital privado seria uma sentença de morte.

O Centro de Saúde – cuja responsabilidade do edifício é camarária, mas dos recursos humanos, é do Estado – não podemos fazer mais, enquanto autarquia, do que pressionar, para que venhamos a ter mais médicos e enfermeiros. Até há seis anos atrás, Monchique era dos centros de saúde que melhor funcionava, tinha cinco médicos; neste momento, tem duas médicas. Com o apoio ao COVID, resume-se, na prática, a uma médica. Há de momento idosos que não vão à farmácia levantar a sua medicação porque é incomportável suportar o seu custo sem a receita médica. Apesar do meu emprego, continuo a usar o Centro de Saúde de Monchique, onde tenho o meu médico. O serviço público tem toda a razão de existir, o Estado tem que ter uma função social para quem mais precisa.

Somos quase todos vítimas, ou lesados, do incêndio de 2018 e continuamos à espera há três anos de algum apoio. Como irá tratar desta “herança” de Rui André?

O problema de Rui André esteve por vezes na má comunicação; a sua intenção sempre foi a melhor. O Estado quis fazer um exemplo de Monchique. Em Pedrogão Grande deu o dinheiro diretamente às câmaras e estas reconstruiram as habitações.

Qual a solução em Monchique?

Sem falar com o Instituto de Habitação Social não lhe sei dizer. Quiseram ficar com o processo e não deixaram a câmara fazer nada. Vamos ter um segundo problema, onde a câmara pode ser decisiva. Já estão a aprovar a reconstrução das casas. Começamos a reparar que os que ficaram só com a roupa do corpo não têm dinheiro para mandar fazer os projetos de arquitetura e de engenharia. Se eu for eleito, a câmara abrirá um concurso público, contratará arquitetos e engenheiros para garantir os projetos a todas essas pessoas. E existem as questões dos anexos, que foram sendo contruídos para além do projeto inicial e que agora não estão contemplados.

Nas Caldas, temos uma empresa que comprou 37 hectares por um valor de sete milhões de euros. Não pagou um cêntimo de IMT. A câmara perdeu mais de 500 mil euros em impostos. Decisão de Rui André?

Não. Decisão da Assembleia Municipal de Monchique.

Por sugestão do presidente. Com este valor poderia abrir-se um fundo para as vítimas. Temos, ainda, perto do armazém municipal, uma área alugada com donativos de uma comunidade belga em Monchique, com recursos que acabaram por nunca ser distribuídos.

Não me posso pronunciar, desconheço em absoluto. Sobre a isenção que foi dada às Caldas de Monchique, sou contra, e se tivesse estado lá, teria votado contra. Rui André recebeu a proposta da empresa para se proceder à isenção, propôs votação em sede de Assembleia Municipal, e este órgão votou por maioria, a favor. Quem foram os deputados que votaram a favor? Todos os do PS, à exceção do Presidente da Junta de Alferce; do PSD houve votos contra e a favor. Se procurar as relações entre a Fundação Oriente (antiga proprietária das Caldas) e o PS, verá que os dirigentes do PS são os mesmos que estavam à frente da Fundação Oriente. Por isso deve ter havido alguma pressão dentro do partido para votarem a favor. Independentemente desta decisão, fica a pergunta para um milhão de dólares: é a favor ou contra?

Por natureza, deveríamos ser contra, porque os outros municípios têm que pagar o imposto. Mas se antevisse que a empresa, com este valor, iria requalificar as Caldas, criar mais 100 empregos, reabilitar os edifícios e trazer um potencial…

Mas não… despediu pessoal.

Sim, fez exatamente o contrário. Para esta isenção, tinha que ter existido um contrato escrito com contrapartidas.

Estamos numa área rural, no meio da floresta. Quais são os elementos mais importantes neste meio?

Em Monchique, considero fundamental a questão da água. Este ano choveu muito, mais do que em anos anteriores. O que fizemos para captar essa água para poder usá-la em períodos de seca? Zero. Também porque de Inverno temos muitos ribeiros com água, deveríamos fazer pequenos reservatórios – há quase 25 anos que não são feitas charcas em Monchique – que, além de servir para regar na plantação de novos medronheiros, podem ser usados na eventualidade de rebentar um incêndio. É totalmente diferente um helicóptero ter a charca por perto do que andar a fazer dez quilómetros para trazer água até à serra.

Temos, por isso, que ter capacidade de reter esta água da chuva e fazer reservatórios.

E em relação à terra, à agricultura de subsistência?

Esta crise económica trazida pela Troika trouxe uma coisa boa, voltou-se a ver muitas pessoas de Portimão com familiares em Monchique a se dedicarem a uma agricultura de subsistência ao fim-de-semana. Além da mais-valia económica, tem o benefício de manter os terrenos limpos.

Deixa-me triste ver estes socalcos – para mim, das coisas mais maravilhosas de Monchique – com eucaliptos no seu centro. Estes socalcos, construídos à mão, têm que se manter agrícolas.

Precisamos de menos eucaliptos em Monchique?

Precisamos de eucaliptos para a nossa economia, mas de menos, precisamos também de uma reflorestação.

Várias famílias começaram a arrancar eucaliptos e a reflorestar com espécies locais. Existem pessoas que implementaram energia solar como fonte de rendimento.

Eu sou a favor de um reordenamento das espécies existentes, fazer faixas de contenção à volta da vila e dos aglomerados populacionais com espécies que não ardam tão facilmente, mas temos que admitir que há dezenas de empresas que dependem do eucalipto em Monchique.

Precisamos de um plano para uma nova economia?

Sim, de vivermos do turismo de natureza, com novas espécies. Tentar ir reduzindo os eucaliptos, incentivando e consciencializando as pessoas para tornarem a plantar o castanheiro, o carvalho, espécies autóctones. Antigamente, quando casávamos, tínhamos que levar a mesa e a cadeira de castanho. O eucalipto foi o dinheiro fácil, o ouro verde, mas é um mau passado, e nós temos é que pensar num bom presente, num bom futuro.

O que vamos fazer com o amianto nas escolas?

Rui André recebeu dois financiamentos, para retirar o amianto e para requalificar as escolas. Várias receberão um segundo andar. Se temos pouco dinheiro, seria bem pensado fazer as duas obras simultaneamente. A escola de Monchique – cujo projeto para o segundo piso já se encontra aprovado – continua sob jurisdição do Ministério da Educação, e não da Câmara.

Na Escola de Marmelete, pertença da autarquia, já foram adjudicadas as obras, que só não se iniciaram no dia 12 de julho porque houve falta de um parecer da Autoridade para as Condições no Trabalho (ACT).

O facto de Monchique ser no interior faz com que seja pouco aliciante para os construtores. Trazer homens e o estaleiro aumenta em 20 ou 30% os custos da obra. A Junta de Marmelete tem dois projetos aprovados de quase 500 mil euros (um Parque de Caravanas e um Parque de Merendas) e está com dificuldade em conseguir empreiteiros. Chegamos a este cúmulo.

Se for eleito presidente daqui a seis semanas, que importância dará à reestruturação da escola de Marmelete?

Total, porque Marmelete tem mais crianças do que há alguns anos atrás. Esta freguesia tem aumentado, sobretudo com a comunidade estrangeira. A escola não estará pronta quando as aulas começarem, mas estará pronta até outubro.

O Bruno tem duas crianças. Andam na escola em Monchique?

Sim. A Escola de Marmelete, tendo em conta as condições que tinha, não devia ter aberto em dezembro passado. As pessoas em Monchique gostam de criticar, mas têm que passar a ser mais ativas, mais reivindicativas. É preciso ir ao local certo e exigir.

Quem assume cargos políticos tem que estar capacitado para corresponder à maioria da expectativa dos cidadãos; as entidades têm que estar ao serviço de todos e não de apenas alguns.

O que está previsto no seu programa na área da Cultura?

Temos cultura e temos artes e artesãos. O problema da Casa do Povo é que não é propriedade da Câmara, e sim da Segurança Social. Há uma questão legal parecida à do parque de estacionamento. Talvez o presidente da câmara se devesse levantar do seu gabinete, ir a Faro e falar com quem de direito para ficarmos com uma pequena sala de espetáculos-multiusos.

O mais flagrante neste momento em Monchique é o Quartel dos Bombeiros. Estão bem equipados em termos de máquinas e carros de combate a incêndios – m outubro chegará uma nova viatura de quase 300 mil euros. Mas, lá dentro, chove, os wc estão obsoletos. Temos que dar condições a estes trabalhadores e aos voluntários, que representam metade do seu corpo. Em 12 anos a Câmara investiu quatro milhões e quinhentos mil euros nos Bombeiros de Monchique. Para a dimensão da nossa receita, nem todas as autarquias fizeram este investimento.

Onde foi aplicada essa verba?

Nas equipas de prevenção, nas viaturas… Quando este comandante chegou, entre viaturas avariadas e com pneus carecas e dívidas a fornecedores, muito havia a fazer. Na semana passada, com o aniversário da associação, foi a primeira vez que os Bombeiros de Monchique receberam equipamento de proteção individual nestes 88 anos. Os últimos foram comprados em segunda mão a belgas.

Não temos também um Gabinete de Proteção Civil que coordene os Bombeiros, os militares, a população em caso de incêndio. Os Bombeiros não são a Proteção Civil, fazem parte da Proteção Civil. A Câmara de Monchique tem que ter uma máquina de arrasto. Temos uma velha, insuficiente. Temos que ter duas ou três em prontidão que comecem a fazer os aceiros para conter o fogo, de verão; e a limpar os caminhos e fazer as faixas de contenção de inverno, de forma a que, caso haja um fogo, este consiga ser contido no local.

Muito obrigado.

Uwe Heitkamp (60)

jornalista de televisão formado, autor de livros e botânico por hobby, pai de dois filhos adultos, conhece Portugal há 30 anos, fundador da ECO123.
Traduções: Dina Adão, Tim Coombs, João Medronho, Kathleen Becker
Fotos: Uwe Heitkamp, dpa

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