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Nº 109 – Realidade

Sábado, dia 9 de outubro de 2021.

Quem determina o nosso futuro? Uma criança desenvolve-se em várias fases e o futuro acaba marcado pelo dia a dia das “normalidades”. E os sonhos que temos? Quem é que os consegue realizar, e como? Nascemos para este mundo e mandam-nos para o jardim de infância, depois para a escola, e talvez até acabemos por ir para a universidade, obtendo certificados e superando provas, esforçando-nos durante os processos de aprendizagem que fazem parte do desenvolvimento de um jovem. O que estão a aprender as crianças que serão os adultos de amanhã? O que nos ensinaram quando éramos crianças? Aprender para a vida? E que vida é esta? Ganhar dinheiro? Para quê, e porquê? A certa altura, tudo acaba, inesperadamente. Uns são chamados mais cedo e outros mais tarde. Ainda havia tanto para fazer… O que ficou por fazer? Será que um investimento tem que dar sempre lucro na vida? E o que é que significa isso, o lucro? Significará a deturpação das leis da natureza pelas leis do mercado? A água não corre rio acima. Os fogos têm que ser combatidos e as batatas plantadas na terra. Que significado tem o futuro perante as alterações climáticas, com o ar e a água nos oceanos a ficarem quentes demais, as algas a cobrir completamente o ambiente marinho e os furacões a ficarem cada vez mais fortes? Como imaginamos o nosso futuro? Será verdade que 40% de todos os jovens da EU que foram inquiridos, entre os 16 e os 21 anos de idade, não pretendam ter filhos por recearam o futuro? Isso será bom ou mau? Qual o destino da Humanidade e dos jovens? A ECO123 acompanha o percurso das mais diversas pessoas. Neste caso, no âmbito da série “Dez passos para a neutralidade climática”, a ECO123 conta a história de um jovem e do seu barco à vela. Que rumo irá tomar?

… Deslizar silenciosamente no mar, longe do stress e do ruído do dia a dia, ao fim de tarde, depois da escola ou, depois do trabalho, passar umas horas sozinho ou com amigos sobre a água. Ir de A a B, de uma ilha para outra, impulsionado somente pela força do vento. A aventura de sentir a força dos elementos da natureza e conhecer novos países cheios de beleza e natureza intocada…

Um Homem e o seu barco – A volta ao mundo sozinho e em quatro anos

“O meu nome é Paul Piendl. Tenho 23 anos e nasci a 7 de setembro de 1998 em Munique, na Alemanha”, revela-nos este jovem na biografia que é aqui citada pela ECO123. Paul cresceu junto aos Alpes, mas o seu sonho de juventude consistiu em velejar, a forma mais ecológica e simpática de viajar – ao sabor de ventos e marés. “Quando nasceu a minha irmã, em 2002, os meus pais decidiram deixar a cidade e ir viver 40 km mais a Sudoeste, em Schondorf, junto ao lago Ammersee”, conta-nos Paul, que nessa cidade passou a frequentar a escola primária e acabou por concluir o 12º ano no liceu da região. Já durante a sua preparação para os exames do 12º ano, decidiu que, em vez de estudar na universidade, optaria por fazer uma aprendizagem como construtor de barcos. Qual terá sido o seu objetivo?

O rapaz vivia fascinado pelos elementos água e ar. Vive junto ao lago e da montanha, mas há um dia que lê o livro de Rollo Gebhard, «Um Homem e o seu barco – A volta ao mundo sozinho e em quatro anos», deixado pelo seu bisavô. E assim nasce o seu sonho. Na altura ainda frequentava o 6º ou 7º ano de escolaridade. Devora as histórias daquele homem que durante a sua longa vida de 92 anos realiza várias circum-navegações. Paul decide que, um dia, também ele irá mar fora para descobrir o mundo no seu próprio barco à vela. É o sonho de ir além daquelas montanhas cobertas pela neve de inverno. Mas, como realizá-lo e financiá-lo?

É uma pergunta que o persegue durante os anos seguintes. Primeiro, aprende a construir barcos, uma boa base para quem quer vir a ser marinheiro. Concluída a aprendizagem, continua a trabalhar durante alguns meses no mesmo estaleiro em que fez a formação com o propósito de juntar algum dinheiro para a sua circum-navegação. Em março de 2020, Paul Piendl vai para Portugal para restaurar o barco que adquiriu e com o qual pretende dar a volta ao mundo. Portanto, a história da viagem, no fundo, começa no Algarve. Depois de algum tempo de procura, Paul encontra em Olhão um veleiro de nove metros, e com 42 anos, antigo, mas adequado. Chama-se Wasa e pertence a um casal que deixou de velejar e o vendeu por motivos de saúde. E o melhor de tudo, escreve Paul, é que “o barco já fez várias circum-navegações e algumas travessias do Atlântico, está bem equipado e parece que bastará uma pintura e alguns retoques para que fique em perfeitas condições.” Será?

Ao jantar, conta aos seus pais que encontrou o barco que procura. “Confessei já ter contactado o vendedor e estar a pensar ir ver o barco dentro de poucos dias.” Na realidade, “essa foi a primeira vez que os meus pais compreenderam que pretendia realmente concretizar os meus planos.”

Nessa noite, pai, mãe e filho conversaram durante longas horas sobre a circum-navegação, as rotas possíveis, os perigos, e sobre a forma de concretizar aquele empreendimento. Apesar de recearem perder o filho nessa viagem pelos mares do mundo, apoiam-no desde o início. Como se formou há pouco tempo e ainda é muito jovem, Paul tem pouco dinheiro. Espera receber um empréstimo da família para a compra do barco. Depois de ter explicado bem o seu plano e prometer tomar conta de si, devolvendo o empréstimo depois da viagem, este é aprovado.

O plano é ambicioso, e Paul começa a aperceber-se disso. Em Portugal, irá precisar de um lugar para morar e dormir, e de um orçamento para fazer compras, para a renda, a marina, as ferramentas, os materiais, as tintas e os vernizes. O financiamento é um desafio. Por isso, antes partir para Portugal, trabalha o mais que pode. Também tenciona fazê-lo durante a sua viagem à volta do mundo. Labora mais horas, faz projetos extra no estaleiro e até chega a trabalhar na Festa da Cerveja de Munique durante as férias.

“Passo a falar a todos do meu projeto e sobre os problemas que tenho por diante”, conta à ECO123 numa primeira conversa por ZOOM. “A maior parte das pessoas fica entusiasmada com a ideia e tenta ajudar-me. O clube de remo em que treino ocasionalmente torna-se no meu primeiro patrocinador. Oferecem-me 1.000€, incentivam-me a continuar e têm a feliz ideia de me pedir que escreva sobre o processo.”

Paul Piendl elabora um dossier sobre o barco e sobre os seus planos. Escreve sobre si, sobre o que fez na vida e quais as obras necessárias no barco, quanto tempo levará, quais os custos e qual será a sua rota na volta ao mundo. Não sabe como estruturar um dossier desse tipo, nem tem experiência na comunicação com empresas e potenciais patrocinadores. Finalmente, depois de uma semana, tem sete páginas de texto e outras quantas com imagens que exibe sempre que apresenta o seu sonho.

Paul Piendl explica à ECO123 que “por haver cada vez mais pessoas a saber dos meus planos, isso acabou por levar a uma solução para encontrar um apartamento onde morar. Foi através de uma amiga de minha mãe, que tinha ido viver para Lagos com o marido há alguns anos. A minha mãe começou por pedir-lhe que vigiasse um pouco o filho enquanto está longe de casa.” Mas, depois de conversarem algumas vezes e o virem visitar, o casal convida-o a morar com eles. Portanto, já tinha o dinheiro para a renovação do barco e onde ficar. E, para além disso, ambos são artistas, fazem esculturas em Lagos, e têm uma oficina no seu terreno. Eles ajudam com muitas e boas ideias. Piendl recorda-se desses tempos: “Acabámos por passar nove meses juntos em tempos de pandemia, durante o lockdown e com as restrições. Ambos estavam disponíveis quando precisava de alguém para conversar e tornaram-se nos meus segundos pais…”

 

A partida…

Na sexta-feira, dia 13 de março de 2020, Paul Piendl parte de Munique rumo a Lagos juntamente com o seu amigo da escola de construção de barcos, Sofien. Viajam na autocaravana VW do pai para poder levar materiais, ferramentas e os seus haveres, e também para poder dormir pelo caminho. Nesse dia, o primeiro país europeu, Itália, tinha acabado de fechar as suas fronteiras e receava-se que o mesmo pudesse acontecer em França e em Espanha por serem países com muitos casos de Covid.

Paulo tenta descobrir se é possível passar as fronteiras, telefonando para as embaixadas desses países, mas até ao momento da partida, ninguém tem a certeza de nada. Paul e Sofien decidem partir e pretendem conseguir passar pelo menos uma fronteira por dia. Paul tem muitas dúvidas sobre a decisão de partir. Não dorme a noite toda a pensar no assunto. Depois de uma conversa com os pais na manhã seguinte, decidem arriscar. Dois dias mais tarde, um dia antes do fecho das fronteiras, os dois rapazes chegam a Portugal e são recebidos por Gabriela e Christian Tobin, em Lagos.

 

 

Depois de se terem ambientado, Sofien e Paul tinham como pretensão trabalhar assiduamente na renovação do barco. Mas, em vez disso, têm que passar o tempo no jardim, a preparar o seu apartamento e a tentar manter-se ocupados. LOCKDOWN. Os trabalhos no barco não podem avançar. O barco não pode ser transferido de Olhão para Lagos. As medidas só aliviam quatro semanas depois. Paul Piendl: “Podíamos ir um dia ou outro até ao barco para resolver pequenas coisas. Depois, até passámos a ficar uns dias a dormir no estaleiro, em Olhão, voltando para Lagos durante o fim de semana. A evolução era muito lenta. Começámos por retirar do barco tudo o que se tinha acumulado do proprietário anterior durante 42 anos. Instrumentos, velas, armários, peças sobressalentes, tapetes, cablagens defeituosas, tudo era classificado e guardado ou rejeitado. Retiramos cada vez mais coisas para descobrir o real estado do barco, mas tínhamos que o manter navegável para o poder levar até Lagos.”

Em maio de 2020, altura em que Sofien tem que partir, os portos continuam fechados em Portugal. É impossível velejar com o WASA de Olhão até Lagos. “Infelizmente, nestes dois meses, quase não conseguimos fazer nada. Mas passámos uns bons tempos juntos e pudemos conhecer melhor a região”, escreve Paul.

Em meados de maio, finalmente, reabrem os portos! “Sem perder mais tempo, volto a colocar o velho barco na água. Paro uma vez, em Vilamoura, acabando por fazer a transferência para Lagos em dois dias. Dia 22 de maio o WASA é retirado da água. Agora, depois de desmontado o mastro, posso começar a trabalhar!”

 

Surpresas

Paulo explica: “Nos cantos e por detrás das carenagens encontro novos pontos com problemas: os cascos passantes e muitas partes de contraplacado estão podres, há revestimentos que se estão a soltar e até as fixações para o mastro estão tão ferrugentas que partem apenas quando se tenta soltá-las! Para chegar aos locais danificados, muitas vezes tenho que remover ou destruir os revestimentos. Todo o interior do barco acaba por ter de ser retirado.”

“No convés, a situação não é muito melhor. A tinta é muito antiga e a camada de verniz que chega a ser de vários milímetros está a saltar em muitos locais. Não o posso deixar assim. Decido retirar toda a tinta antiga e pintar o convés. Mas basta que tente desmontar uma ferragem para notar que muitos dos parafusos já estão tão saturados que ficam presos ou partem quando os tento soltar. Tudo o que analiso melhor acaba por se estragar ou está velho e ferrugento. Paul nota que os três meses que planeou para o restauro foram mal calculados.

Até finais de julho de 2020 continua a trabalhar sozinho no barco. Os amigos e colegas que o querem visitar e ajudar não o podem fazer, porque ainda é muito complicado viajar além-fronteiras. Os seus pais são os primeiros a chegar e a ver o barco em Portugal. O pai precisa da autocaravana, mas vem principalmente porque quer ver o filho e saber como ele está. “O meu pai ajudou-me na obra durante toda a semana da sua estadia…”, refere Paul Piendl.  

… e descreve os trabalhos no barco: “Estão 30°C e passo os dias no fato protetor e com máscara a lixar o interior do casco de fibra de vidro. Em poucos minutos fico todo suado. Quando finalmente estava pronto e já tinha dado a primeira demão no interior, sofro mais um rude golpe. A tinta não endurece! Pelos vistos, a minha mistura estava correta, mas nos profundos sulcos da fibra ainda havia restos da cola anterior. Todo o trabalho foi em vão. Tenho que lavar toda a superfície com acetona e voltar a lixá-la antes de poder voltar a tentar pintá-la. É insuportável. Estou tão abatido e desesperado por causa desse trabalho de dias e semanas em vão que preciso de alguns dias de descanso para poder voltar a raciocinar bem. Choro às escondidas na cabine de popa e penso seriamente em deixar tudo e voltar para casa para a minha vida “normal” e simples junto ao lago.”

Felizmente, a força de vontade para continuar e o sonho de chegar a velejar foram mais fortes. Christian e Gabriela apoiam-no sempre depois dos duros dias de trabalho.

“Portanto, volto a pintar o interior do casco, monto os armários, os revestimentos do interior e uma nova mesa. Tudo se tem que adaptar às formas redondas do barco. Não há ângulos retos e cortes a direito. Todas as peças são peças únicas…”

Felizmente, em agosto, Leon, outro dos amigos com quem viveu junto ao lago, veio para Portugal. Pretende participar na travessia atlântica e acabou de concluir a sua aprendizagem como carpinteiro. Está muito motivado para ajudar na restauração do barco. Irá acompanhar a obra até ao fim, fazendo apenas um mês de pausa. Os trabalhos começam a evoluir de forma visível. Constroem a cozinha, mais revestimentos, arrumos, caixilhos e envernizam todo o interior. Tudo o consegue desmontar-se no interior volta a ser desmontado. O barco volta a ficar vazio. Todas as peças de madeira são lixadas para depois serem envernizadas. O interior é pintado de branco a pincel, rolo ou à pistola, até ficar reluzente.

Um dos últimos passos é tratar do mastro. Esteve quase nove meses guardado no chão, ao lado do barco. Também aqui, todos os acessórios e rebites estão corroídos, a tinta está a saltar e os brandais (cabos que estabilizam o mastro) já não aguentariam tempestades. Também neste caso, tudo é retirado até restar apenas o alumínio para voltar a ser pintado. Os acessórios revistos são recolocados com rebites novos. Os cabos fixos são repostos por um fabricante de velas local, que os corta e fixa.

“Finalmente! Com o mastro reposto a obra volta a ter o aspeto de um barco à vela! A grua está marcada para daqui a dois dias!”, escreve Paul no seu diário. “Que momento emocionante! Que alívio! Tudo ficou estanque, flutua e nada partiu.”

Moritz, o terceiro elemento da tripulação que irá fazer a travessia atlântica, acabara de chegar a Lagos no dia anterior. Os três jovens estão tão eufóricos que quiseram logo seguir pelo pequeno canal fora para o mar alto, ‘sentir o oceano’. “Mas as ferramentas que estavam espalhadas por toda a parte e começaram a escorregar pelo barco trouxeram-nos de volta à realidade. O melhor é voltarmos depressa. Foi a nossa primeira espera frente à ponte levadiça que impede a entrada na marina de Lagos. Passámos por ela centenas de vezes durante a hora de almoço, e imaginávamos que um dia seriamos nós a razão para a abertura da ponte que faz esperar os peões de ambos os lados. É hoje. A ponte abre e lá vamos nós, o WASA tem permissão para passar.

Trabalhamos o mês inteiro como doidos. Tínhamos o objetivo de partir para a primeira etapa até Lanzarote ainda em 2020. Fizemos as almofadas para os beliches, instalamos a rede de água e as bombas de esgoto, fizemos a revisão ao motor e renovámos toda a parte elétrica a bordo…

De vez em quando os três jovens fazem uma pequena velejada frente à costa de Lagos para testar o barco. Procedem a pequenas alterações aqui e ali e, no dia 15 de dezembro, passam a primeira noite a bordo. Duas semanas volvidas, tudo está a postos. Estão preparados e compraram os mantimentos. Venderam o carro. Tudo está arrumado e o apartamento da família Tobins foi limpo. Conseguem realmente partir em 2020, no último dia do ano. No dia 31 de dezembro rumam a Lanzarote!

 

Ano Novo em alto mar

“Esta travessia é um ensaio geral para a tripulação e para o barco”, escreve Paul Piendl no seu diário de bordo. “Pouco depois de já não avistarmos terra, o vento torna-se bem mais forte do que as previsões. Temos 30 a 40 nós de vento pela proa durante dois dias. As ondas são altas e cavadas, penso terem cinco metros. Enjoamos os três e temos que vomitar. Quando tentamos carregar as baterias sai fumo da sala das máquinas: o alternador tem um curto-circuito. Ainda não conhecemos bem o barco e, por isso, colocamos tardiamente os rizos. Pela nossa falta de experiência, esta travessia leva-nos aos nossos limites físicos e psicológicos.”

Após cinco dias, quando chegam já noite à marina de Lanzarote, são as pessoas mais cansadas, mas também as mais felizes do mundo. Ficam cerca de um mês na ilha. No trajeto notaram que ainda há que aperfeiçoar algumas coisas antes de iniciar a travessia. Precisam de um novo alternador, têm que remendar um buraco no cockpit, é necessário coser a genoa, melhorar o desempenho dos cabos e afinar as velas. Algumas revistas na Alemanha tiveram, entretanto, conhecimento desta viagem e escreveram sobre ela. Há muitas pessoas a ler os relatos de Paul sobre os preparativos para a viagem e esta primeira etapa. Estão felizes por eles e expressam a sua admiração pela coragem e persistência demonstrada. Essas reações positivas dão energia aos jovens marinheiros e fazem com que o projeto avance depressa. As doações cobrem os custos do alternador avariado, da vela e das restantes reparações!

“De Lanzarote seguimos para La Palma, onde carregamos mantimentos pela última vez. Chegámos ao ponto mais a Oeste da Europa. É aqui que se inicia a travessia do Atlântico!”

Precisam apenas de 18 dias e duas horas para navegar as 2.526 milhas de La Palma até à Guiana Francesa. O tempo de preparação foi longo, mas agora a travessia revelou-se perfeita. Os ventos Alísios de 25 nós foram regulares e fortes. Durante todo o percurso não apanharam nenhuma trovoada e tiveram que alterar as velas uma vez apenas para poder coser um rasgo na genoa.

Paul: “Chegámos à Guiana Francesa, junto a Dégrad des Cannes, perto da fronteira com o Brasil. Foi lindo ver aparecer a floresta virgem no horizonte logo de manhã cedo depois de tanto tempo no meio do mar. Gritámos ‘terra à vista!’ e, apesar do longo turno noturno, não sentimos sono. A alegria era muita. Tomámos banho e preparámo-nos para ir para terra. Passámos por uma base militar francesa e depois ancorámos algumas milhas rio Mahoury acima. Tínhamos guardado cerveja no porão, o local mais fresco a bordo, para festejar a chegada e festejámos pela noite dentro.”

 

No próximo sábado contar-vos-emos mais detalhes acerca da travessia do Atlântico…

Uwe Heitkamp (60)

jornalista de televisão formado, autor de livros e botânico por hobby, pai de dois filhos adultos, conhece Portugal há 30 anos, fundador da ECO123.
Traduções: Dina Adão, Tim Coombs, João Medronho, Kathleen Becker
Fotos: Paul Piendl

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