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Nº 142 – Porque não com cânhamo?

Sábado, dia 11 de fevereiro de 2023.

Hoje em dia, quem pensa construir uma casa nova ou renovar uma ruína antiga não pode deixar de estudar cuidadosamente os materiais de construção e os preços. Só no último ano, os materiais de construção como o aço, o vidro, o cimento ou os tijolos aumentaram de preço em 30, 40, e, nalguns casos, até 50%. A isto acrescem taxas de juro significativamente mais elevadas sobre empréstimos bancários, objetivos de eficiência mais exigentes para novos edifícios e descida tendencial dos preços dos imóveis. E ainda nem falámos de construção ecológica. Não só há escassez de apartamentos, como estes também emitem demasiado CO₂ com o aquecimento e o arrefecimento. Dado que os objectivos climáticos europeus nunca poderão ser alcançados com a construção convencional, a Comissão Europeia decidiu, no ano passado, aumentar os requisitos e reduzir o financiamento. Desde 1 de Janeiro de 2023, cada novo edifício deve cumprir, pelo menos, o standard de eficiência energética 70 (com 30% de redução do consumo de energia primária), mas só existem incentivos para casas ainda mais eficientes: casas de baixo consumo energético da Classe A. A indústria imobiliária está tudo, menos satisfeita com isto.

As casas eficientes são edifícios que se distinguem por uma concepção e tecnologia de construção particularmente eficientes, em termos energéticos, atingindo maior eficiência energética do que a exigida por lei. A eficiência energética de um edifício é medida com base na perda de calor por transmissão através do envelope do edifício (como o isolamento de paredes e janelas) e, daí, a necessidade anual de energia primária (um fator crucial é a fonte de energia utilizada, tal como a electricidade proveniente de energia fotovoltaica ou eólica ou centrais de produção combinada de calor e electricidade, que operam a 100 % com energia renovável). E depois há a velha questão do material. Construir com quê?

Em Colos, no sul do Alentejo, existe uma empresa chamada Cânhamor, Lda. cujo objectivo é fornecer um material de construção neutro em CO₂, sustentável e produzido localmente, com o qual o construtor possa criar um espaço de vida verde de alto desempenho. Essa casa está actualmente a ser construída no concelho de Vila do Bispo, mais precisamente no Barão de São Miguel. A ECO123 foi vê-la e falou com o construtor e com os produtores acerca das suas experiências no novo edifício-protótipo de 185 m².

“Estamos muito perto de atingir 100% de resíduos zero e pegada de carbono zero na produção dos nossos blocos de cânhamo. Não são utilizados aditivos químicos na nossa mistura de blocos, mesmo que isso aumente o tempo de cura. Não utilizamos nenhum processo de aquecimento. A nossa produção é livre de emissões”, sublinha à ECO123 Elad Kaspin, um dos dois directores-gerais. O cânhamo é um produto agrícola natural, sendo também resistente ao fogo, ao ruído e isolante do frio, da humidade e do calor. O cânhamo é igualmente um material de construção respirável.

Após a colheita, as folhas e ramos da planta de cânhamo são primeiro triturados e depois prensados em blocos, numa mistura que se assemelha a uma massa de bolo. Os blocos têm então de passar por um período de secagem de várias semanas para endurecerem. Depois, podem ser utilizados em blocos de várias espessuras para a construção de casas.

Fac-símile Screenshot Intro Video https://canhamorhemp.com/

De acordo com a Comissão da Indústria do Parlamento Europeu, todos os edifícios construídos após 31 de Dezembro de 2018 devem cobrir as suas necessidades energéticas no local. E a melhor maneira de gerar energia no local é primeiro poupar energia no próprio local, com bom isolamento e fornecimento de energia auto-suficiente, independente e sustentável. Os blocos de cânhamo são garantia para uma demanda de energia muito baixa por metro quadrado, sem qualquer isolamento adicional.

Fac-símile Screenshot Intro Video https://canhamorhemp.com/
+Informação: https://canhamorhemp.com

 

 

Uwe Heitkamp (62)

jornalista de televisão formado, autor de livros e botânico por hobby, pai de dois filhos adultos, conhece Portugal há 30 anos, fundador da ECO123.
Traduções: Dina Adão, John Elliot, Ruth Correia, Patrícia Lara, Kathleen Becker
Photos:Fac-símile Screenshot Intro Video https://youtu.be/EAD_1Kauaik / https://canhamorhemp.com 

 

 

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