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Nº 146 – Neutralidade climática já em 2030?

Sábado, dia 1 de abril de 2023.

Será que isso é possível? Antecipar a neutralidade climática? Berlim sempre quis ser pioneira na neutralidade climática. Então, porquê iniciar um referendo? Porque não elaborar um plano, enviá-lo para a UE e candidatar-se a uma subvenção? Na verdade, o referendo em Berlim obteve uma escassa maioria – mas, finalmente, não foram suficientes os apoiantes que se deslocaram às mesas de voto. De facto, viam-se cartazes pendurados nos postes de iluminação por toda a cidade, que destacavam “neutralidade climática em 2030 em Berlim”, e por cima: “Sim!”. Todavia, depois da contagem, foram pouco mais as pessoas que votaram no “Sim” do que no “Não”, em quase todas as mesas de voto. Mas o quórum obrigatório de um quarto dos 2,4 milhões de cidadãos eleitores elegíveis – exatamente 607 518 participantes – falhou por quase 170 000. No total, 50,9% votaram a favor do referendo e 48,7% contra. Foi surpreendente a proximidade. Os peritos esperavam que os opositores ao referendo o boicotassem, em vez de votarem ativamente contra. Má sorte?

Se a capital da Alemanha tivesse tomado Varsóvia ou Amesterdão como exemplo, “Berlim” poderia contar a sua própria história com um final feliz, tal como no norte de  Portugal, o berço do país, Guimarães, uma cidade com 152.000 habitantes, contará a sua história, ou o Porto, Lisboa e muitas outras cidades, porque se candidataram ao projeto da UE NET ZERO CITIES (https://netzerocities.eu/) e obtiveram o financiamento com base nos planos apresentados: há um total de 53 NET ZERO CITIES europeias.

O que é uma cidade-piloto?

As 53 cidades piloto selecionadas, de A de Aachen a Z de Zaragoza (o financiamento da UE é de 32 milhões de euros), deverão, durante os dois anos de duração do projeto piloto, testar e implementar soluções inovadoras ou conjuntos de soluções a nível da cidade ou do distrito – e – retirar aprendizagens explícitas dos processos inovadores, desenvolvendo conhecimentos, capacidades e competências ao nível da cidade. No final do projeto-piloto, deverá ser identificado um conjunto claro de soluções inovadoras, pronto a ser implementado, escalonado e replicado noutras cidades (Berlim?).

Este poderia incluir novos modelos empresariais, iniciativas políticas, inovações na governação, modelos de incentivo ou de financiamento, e estratégias de replicação ou de escalonamento. Berlim é agora o perdedor em todos os aspetos. É o que pode acontecer quando se faz marketing de “greenwashing” sem visão nem cooperação. Agora, em particular, falta a perspetiva realista de transformação. Neutralidade climática em 2030? Como é que isso poderá funcionar? Unicamente através da cooperação – especialmente se houver partilha de experiências e o apoio das comunidades parceiras.

 

Com efeito, dentro da UE, 75% das pessoas já vivem atualmente em cidades. 65% da energia é consumida nas cidades e 70% das emissões de CO2 provêm das cidades. Porque não começar a poupar CO2 na política local?

As cidades-piloto NetZeroCities receberão financiamento e apoio prático de City Advisors e parceiros do consórcio NZC da UE para aperfeiçoar as suas atividades-piloto antes do início da implementação, a fim de cumprir os requisitos e o feedback exigidos no processo de seleção. Além disso, a Plataforma da Missão irá apoiá-los disponibilizando recursos e financiamento para a completa implementação e subsequentes ações de replicação e escalonamento. Para tal, a UE disponibiliza os seus vários programas, tais como o Horizonte 2020, o Horizonte Europa e o Green Deal da Comissão Europeia.

A cidade de Guimarães vai começar a implementar o seu objetivo de neutralidade climática na segunda-feira. Cada cidadão que tenha um sistema solar instalado no seu telhado receberá, do pacote de 32 milhões de euros que a UE coloca à disposição da cidade de Guimarães, um subsídio de 50%, do município: quem primeiro chega, primeiro é servido.

 

A ECO123 escondeu uma “peta” na sua história do dia 1 de Abril. Descobre-a…

 

Uwe Heitkamp (62)

jornalista de televisão formado, autor de livros e botânico por hobby, pai de dois filhos adultos, conhece Portugal há 30 anos, fundador da ECO123.
Traduções: Dina Adão, John Elliot, Ruth Correia, Patrícia Lara, Kathleen Becker
Photos: dpa

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